Dando continuidade ao artigos relacionados a história de Nova Friburgo hoje quero colocar algumas informações sobre os primeiros seres humanos conhecidos que habitaram a nossa região.
Um dia destes fui em uma cachoeira no bairro de Theodoro com meus colegas Bruno e Reginaldo, e enquanto subíamos o riacho para áreas menos exploradas eu fiquei imaginando se um dia indígenas estiveram ali.
Em uma escala geológica 300 anos não são nada, o que significa que aquele riacho estava ali com uma configuração muito parecida ou mesmo idêntica a quando existiam povos originários habitando a região.
Os Sertões de Macacu
Antes dos primeiros assentamentos coloniais a região onde hoje está nosso município era conhecida como Sertões de Macacu, isso no ainda no século XVIII.
Existiam nas proximidades pelo menos 3 povos indígenas conhecidos: Puris, Coroados e os Coropós.
Todos donos de uma cultura belissima e uma integração com a natureza tipica dos nossos silvícolas que anteriomente estavam espalhados por diversas partes da região fluminense.
Naturalmente a história destes povos indígenas com o homem branco não é nada bonita; como não é na grande maioria dos casos.
Os Coropós, por exemplo, não existem assim como também os Coroados.
Felizmente o Puris ainda resistem e podem ser encontrados remanescentes deste povo que outrora vivia provavelmente também nas matas de Nova Friburgo.
Os interesses econômicos existentes na região foram decisivos para o desaparecimento desses habitantes indígenas com o passar do tempo. Indivíduos dessas etnias foram mortos, escravizados e sequestrados após contato com colonizadores.
Para os portugueses eles eram "índios bravos", dado a sua difícil integração com os exploradores.
Expulsos para a colonização
De acordo com a historiadora friburguense Janaina Botelho os Puris que resistiram por aqui até o século XIV foram expulsos definitivamente por ordem de Dom João VI para que não incomodassem os vindouros colonos.
Os indígenas finalmente acabaram por ir embora, mas depois deles outro povo foi introduzido na região, e infelizmente não por vontade própria.
Mas isso já é história para o próximo artigo.
Um trecho para visualizar o ambiente dos índios
O texto abaixo é de Alberto Ribeiro Lamego um importante geógrafo fluminense que ajudou a termos uma visão de como é a floresta de Mata Atlântica onde viviam o povos indígenas.
No alvorecer do século 19, os Sertões do Macacu, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, era uma floresta virgem. Um indevassável labirinto vegetal onde a mata cobre tudo. O sol mergulha os dedos luminosos penetrando apenas oblíquos jorros de luz catedralescos. Quem por ali se atreve, tranca-se no mais tenebroso labirinto. Escutam-se rumores de seres que rastejam, escorregam, esvoaçam. Zumbidos de insetos fuzilantes, longínquos pios de nhambus, jaós, juritis, algazarras de papagaios, araras, maritacas, maracanãs e arapongas. Perfumes de folhagens, de flores, de cascas, de resinas e hálitos de galhos e troncos putrefatos que estalam e se esfarinham sob os pés, inumando-se no próprio ventre da floresta. Recea-se a emboscada do índio e da onça na penumbra. A floresta é um verde turbilhão a contorcer-se em convulsões genéticas."
Uma chance de com nossa imaginação mergulhar neste mundo sob as árvores.