Um novo sonho em uma nova cidade
Quem analisa a colonização Suíça de Nova Friburgo sabe que embora tenhamos criado uma bela história existe por trás de tudo muita dificuldade, sofrimento e principalmente superação dos que imigraram.
Digo isso porque a realidade neste período da nossa história era repleta de grandes desafios mas que valeram a pena ser encarrados, apesar do posteior desfecho.
A história da relação entre o Brasil e a Confederação Helvética (precursora da atual Suíça) tem aspectos bastante interessantes em uma época em que o mundo não era tão "globalizado" como é atualmente.
Um vulcão que mudou o mundo
No passado a Suíça era um país agrícola e as pessoas viam do plantio e majoritariamente era apenas para a sua subsistência.
Em 1816 ocorreu a erupção do Monte Tambora na Indonésia, a mais de 12 mil quilômetros de distância do Cantão de Fribourg, mas que foi o suficiente para deixar a Europa no que ficou conhecido como o "ano sem verão".
As mudanças climáticas causaram muito frio e chuva em grande quantidade, o que arruinou as colheitas e com nisso houve muita fome e miséria.
Existem relatos dramáticos de até canibalismo, tamanha foi a tragédia que se abateu sobre os suíços.
O homem que fez o chamado
Sébastien Nicolas Gachet nasceu em Paris, filho de pais suíços de Gruyères.
Ele teve a ideia de estabelecer uma colônia suíça no exterior.
Com a aprovação do cantão de Friburgo, Gachet viajou ao Rio de Janeiro para negociar com o rei Dom João VI e convencê-lo a estabelecer uma colônia para imigrantes suíços.
Gachet tinha com certeza algum oportunismo em mente e por isso mesmo era um figura acompanhada de perto tanto por Portugal quanto pelo pela Suíça, após o fracasso da colonização ele perdeu seu prestigio morrendo aqui no Brasil em 1846.
Uma esperança no outro lado do atlântico
Pessoas da Suíça já tinham atravessado o oceano em busca de uma vida melhor desde o século XVIII mas a vinda para o hemisfério sul foi pioneira de forma organizada, e em Julho de 1819 mais de duas mil pessoas iniciaram uma épica travessia.
O decreto que autorizava a vinda foi assinado ainda em 1818, mas precisamente em 16 de Maio daquele ano, data essa que é celebrada como sendo o nascimento de nosso município.
Os imigrantes eram na sua maioria do Cantão de Fribourg, mas haviam pessoas de outras regiões da confederação como Vaud, Berna e outros.
A Fundação Dom João VI em Nova Friburgo em parceria com o Google criou um mapa que acompanha essa "jornada de esperança", mas que infelizmente contou com muitos problemas como doenças e morte.
O que ficou da Friburgo em Nova Friburgo?
A visão romântica da imigração dos suíços para nossa cidade é sem dúvida repleta de aforismos mas nem por isso menos interessante.
Boa parte dos que imigraram não encontraram a "terra prometida" que tanto sonhavam e acabaram por ir para outras regiões com maior potencial agrícola principalmente para a cultura do café.
Hoje temos como herança dos suíços diversos nomes de famílias que descendem diretamente destes primeiros imigrantes.
Em 1978 foi criada Associação Friburgo-Nova Friburgo que tem por objetivo preservar esse legado.
Você pode visitar o Museu do Colonizador e conferir de perto em primeira mão detalhes desse momento da história de nosso município.
No mesmo lugar do museu existe o pedacinho mais suíço de Nova Friburgo a Queijaria Escola em Três Cachoeiras no distrito de Campo do Coelho.
Em minhas pesquisas para esse artigo eu esbarrei em um vídeo relacionado a um projeto que envolveu, a mais de cinco anos atrás, alunos do curso de cinema da École cantonale d’art de Lausanne e cineastas de Nova Friburgo falando de suas impressões sobre as cidades irmãs da Suíça e do Brasil.
O vídeo é um visão clara de como Nova Friburgo tem tão pouco da Friburgo em alguns aspectos.
Algumas referências para aprofundar o assunto: